Joana dá uma olhadela ao facebook. Entre algumas informações mais hilariantes, encontra a divulgação de um evento muito interessante: a sociedade nos dias de hoje. Entretanto, a sua amiga Carla aparece de repente, assustandoa. Depois de um grito, riem-se perdidamente.
– Podias ser mais meiga.
– Não leves a mal. Gosto de me meter contigo.
– Os outros?
– Não sei. Devem estar a chegar. Queres ir andando?
– Não podemos. A Célia vem pela primeira vez e não sabe para onde vamos.
– Mandamos-lhe uma mensagem pelo WhatsApp.
– Não seria cortês da nossa parte avançar sem esperar por ela.
– Então esperamos.
– Tem que ser…
– Não te chateies. Já sabes como eles são. Chegam sempre atrasados…
Ao longe veem o Carlos a aproximar-se. Vem sorridente. Junto delas, manifesta a sua alegria oferecendo um chocolate Kinder. Admiradas, perguntam:
– Ui! Um Kinder?
– Comam que é bom.
– Lá se vai a dieta…
– Só hoje, Carla.
– Tens para todos?
– Não. Passei pelo Minipreço à procura de uma surpresa para a minha mãe e vi estes chocolates. Trouxe-os.
– Está bem, Carlos.
Entretanto, aproximaram-se a Célia e o Nuno.
– O António não pode vir. Apareceu-lhe um trabalho a que não pôde faltar.
– Estamos todos?
– Parece que sim.
– Então vamos…
– Para onde?
– Vamos até um bar aqui perto. Vais gostar, Célia.
Já no bar, depois de colocarem a conversa em dia, Joana propõe um novo encontro.
– Não perdes tempo!
– Sim, Nuno. Vi este evento anunciado no facebook e pensei que poderíamos inscrever-nos. Seria bom para todos.
– Quanto custa a inscrição?
– 10€. É pouco.
– Quando é?
– No próximo sábado à noite.
– Não sei, Joana… Ao sábado costumo estar ocupado.
– Tu é que sabes. É um bom tema, Nuno…
– Sim, eu sei. É sempre bom refletir sobre a sociedade nos dias de hoje… Que pensas disso, Joana?
– Eu!? Penso que a sociedade está a caminhar para o abismo.
– Abismo, Joana?
– Sim, Carlos. As pessoas só pensam em si e desprezam os outros.
– Desculpa, mas não concordo, Joana.
– Que pensas tu, Célia?
– Que é bom cada um de nós ter autonomia e poder decidir por si mesmo; que é bom estarmos atentos aos outros e ajudarmos nas suas dificuldades…
– Eu Concordo. Porém não são muitas as pessoas a ajudaremos outros. Só vejo violência. Até já batem nos médicos…
– Só alguns, Joana.
– Desculpem… já não há autoridade. Vejam os professores. Estão cada vez mais isolados. Bem tentam ensinar… não conseguem. Os pais dos miúdos desautorizam os professores. Alguns ameaçam bater e outros batem mesmo. Como pode a sociedade estar bem quando já ninguém respeita ninguém?
– Não exageres, Carla. Há muitas pessoas que respeitam os outros e há outros que são solidários.
– Eu vou a esse encontro.
– Boa, Carlos, já somos dois…
– Sim, mas penso que nem todos os miúdos são mal-comportados.
– Está bem, não são todos. São a maior parte…
– Que negativa, Joana! És sempre assim?
– Só quero o melhor para a sociedade. Temos que fazer alguma coisa…
– O quê?
– Não sei muito bem. Por isso é que quero ir a esse encontro. Vens, Célia?
– Talvez…
– Anda lá. Assim seremos três. A Carla também não vai.
– Não levem a mal. Não posso. Nesse dia tenho visitas em casa. Não posso deixá-los sozinhos com os meus pais.
– Eu percebo, Carla.
– Ainda sobre o tema. Vejo que, hoje em dia, há muita corrupção. Com tão poucos a deter o poder e a querer ficar com o monopólio da economia, são muitos os que ficam dependentes. Depois, é normal que haja desacatos e as pessoas deixem de se respeitar. Além disso, os ordenados baixos fazem com que as pessoas se revoltem. Vejam as greves. São cada vez em maior número…
– Que exagero, Carla! No meu estágio, o diretor está sempre atento a cada um de nós. Quando temos alguma dificuldade, gasta tempo connosco e diz-nos como devemos proceder.
– Não são todos assim, Nuno.
– Talvez… por isso, não podemos generalizar…A conversa continuou pela noite. No sábado seguinte, lá foram os três ao encontro. Combinaram reunir-se dias depois para partilhar as suas conclusões e continuar e refletir e estudar o mundo que os envolve. Assim poderiam encontrar respostas para o tornar mais humano.
No evangelho segundo São Mateus, Jesus diz: “Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus”. Jesus era um homem atento à sua sociedade e discernia como deveria atuar para apresentar o Reino de Deus. Como Jesus, procuremos estudar o mundo que nos envolve para, também nós, em nome de Jesus, anunciarmos o mesmo reino.
De Colores!
Pe Artur Jorge
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