O sonho de Renascer

O verbo da diocese do Porto para a quaresma une-se bem ao substantivo do Papa. São compatíveis e completam-se porque os sonhos impelem-me a mudar-me.O Papa Francisco foi eleito para reformar a Igreja e fazer dela uma ferramenta adequada para a obra de Deus no mundo. Não se desvia do objetivo e não tem medo de sofrer as consequências. É amigo de S. José que era orientado por Deus em sonhos. Vale a pena fazer nossos os sonhos dele porque são o GPS que nos leva bom porto. Querida Amazónia é uma canção de amor absolutamente linda e uma carta de amor para o povo da Amazônia, e um alerta para a conversão da Igreja como um todo.

Quatro sonhos. Como podem atingir o conjunto da Igreja?

O sonho da conversão social

No nº19, o Papa pede perdão aos povos indígenas pela Igreja que, em séculos passados, às vezes se deixou manipular pelos colonizadores. Mas denuncia fortemente a colonização da modernidade com os seus grandes projetos contra os interesses dos indígenas, do bioma e da floresta. É preciso aprender dos pobres, das suas culturas e do seu sentido comunitário. Eles não podem ser só beneficiários, devem ser protagonistas do seu crescimento.

O sonho da conversão cultural

“O sentido da melhor obra educativa é: cultivar sem desenraizar, fazer crescer sem enfraquecer a identidade, promover sem invadir” (28). Na Amazónia há milhares de povos, línguas e culturas que merecem ser escutadas, valorizadas, antes de serem destruídas. Essas nações não precisam de individualismo, consumismo, discriminação, desigualdades. Precisam das suas raízes, da riqueza do diálogo, da corresponsabilidade pela diversidade.

O sonho da conversão ecológica

“O Senhor, que primeiro cuida de nós, ensina-nos a cuidar dos nossos irmãos e irmãs e do ambiente que Ele nos dá de prenda. Esta é a primeira ecologia que precisamos” (41). Leva-nos a ver o ambiente não só como “recurso”, antes como “casa” porque o interesse de algumas empresas poderosas não deveria ser colocado acima do bem da Amazónia e da humanidade inteira (48). Precisamos da atitude contemplativa e de “outro estilo de vida, menos voraz, mais sereno, mais respeitador, menos ansioso, mais fraterno” (58). Respeitar a natureza é mais do que comprar carro elétrico.

O sonho da conversão eclesial

Destaque para os leigos: “Uma igreja de rosto amazónico requer a presença estável de responsáveis leigos, maduros e dotados de autoridade, que conheçam as línguas, as culturas, a experiência espiritual e o modo de viver em comunidade de cada lugar… Isto requer na Igreja capacidade para abrir estradas à audácia do Espírito, confiar e concretamente permitir o desenvolvimento duma cultura eclesial própria, marcada-mente laical. Os desafios da Amazónia exigem da Igreja um esforço especial para conseguir uma presença capilar que só é possível com um incisivo protagonismo dos leigos” (94).

Pe Jerónimo Nunes (SMBN)

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